segunda-feira, 2 de junho de 2014

O ESCRITOR E A URGÊNCIA DO AGORA





            Texto de Teste. Será escrito mais tarde. Texto de Teste. Será escrito mais tarde. Texto de Teste. Será escrito mais tarde. Texto de Teste. Será escrito mais tarde.

            Texto de Teste. Será escrito mais tarde. Texto de Teste. Será escrito mais tarde. Texto de Teste. Será escrito mais tarde. Texto de Teste. Será escrito mais tarde.

Ótimo, chega de protelar!

            Ser escritor é um sonho que eu cultivo dentro de mim desde que eu era criança e ainda nem sabia escrever. Uma das lembranças de infância mais remotas que eu tenho é justamente a de alguns caderninhos que eu tinha nos quais eu “escrevia” histórias em quadrinhos que, na verdade, eram apenas sequências de vários desenhos que, mesmo sem conter palavras, contavam uma história. Com o passar dos anos, à medida que eu ia amadurecendo, as histórias que eu imaginava também evoluíam e aquilo que uma vez foi uma ideia bastante desenvolvida de um desenho animado com personagens caricatos se tornou uma ideia mais consistente de seriado com personagens um pouco mais realistas e, atualmente, é a ideia de alguns livros adultos que pretendo começar a escrever muito em breve. Eu digo que as ideias de roteiros de desenhos animados que eu tinha quando criança eram bastante desenvolvidas porque, de fato, eu passava horas do dia absorto em meus pensamentos imaginando os episódios, os personagens, as sequências de episódios etc. Entretanto, apesar de elaborar vários roteiros na minha mente, eu tive pouquíssimas experiências nas quais eu tive a iniciativa de colocar alguma ideia no papel.

Uma das primeiras inspirações
 P.S. - Esse não era o meu hamster)
            A experiência mais relevante que eu tive como escritor até hoje ocorreu por volta dos 11 anos de idade, quando eu tive a ideia de escrever um livro de contos infantis sobre hamsters (na época eu tinha um hamster de estimação e esses bichinhos exerciam um grande fascínio sobre mim) e cheguei a colocá-la em prática. Lembro que eu escrevi uns oito ou dez contos, todos com mais ou menos oito páginas, com tramas relativamente bem estruturadas, tendo em vista a idade do autor, e que na época eu fiquei bastante satisfeito com eles. Não sei se todos os contos eram realmente bons e se agradariam a um bom número de pessoas além de mim, mas um dos contos, que se chamava "Um hamster perdido em Nova York" (esse é um dos poucos cujo trama eu ainda me lembro com um pouco de clareza e contava a história de um hamster que decidiu fugir da casa onde morava para conhecer o mundo e acabava passando por muitos apuros até se arrepender e querer voltar pra casa) eu sei que tinha potencial para fazer sucesso, pois, alguns anos mais tarde, eu utilizei a ideia dele em um trabalho de Língua Portuguesa no qual tínhamos que criar um livro com ilustrações e a ideia foi imediatamente aprovada pelos colegas de grupo e pela professora. Infelizmente, o livro de contos que eu havia escrito com caneta Bic em folhas pautadas acabou se perdendo (ou eu disse pra minha mãe colocar no lixo, pois na época eu não tinha noção de que aquilo poderia ser uma recordação do início de um talento que poderia ser desenvolvido futuramente) e o livro escrito para o trabalho de Língua Portuguesa ficou exposto na biblioteca da escola durante alguns meses (junto com outros livros criados pelos outros alunos) até desaparecer.

            Após isso, as minhas únicas experiências práticas como escritor foram em pequenos trabalhos de produção de textos na escola e na faculdade (alguns textos muito criativos e bem escritos, outros nem tanto...), porém as ideias de grandes histórias continuavam surgindo na minha mente e se transformando em novas ideias de histórias ainda melhores e mais maduras. Durante muitos anos, eu acreditava que possuía algum tipo de bloqueio criativo que me impedia de colocar todas essas ideias no papel, até que há algumas semanas atrás uma entrevista muito interessante publicada no jornal Zero Hora me fez perceber que o que me impedia de (re)começar a buscar o meu antigo sonho de ser escritor poderia ser algo muito mais fácil de se resolver do que um bloqueio criativo: a preguiça.

Charles Watson
            A tal entrevista da Zero Hora, intitulada "A preguiça bloqueia a criatividade" e publicada na edição do dia 31 de maio de 2014 (e que eu pretendo guardar comigo pelo resto da vida, ao contrário do que acabei fazendo com os meus livros infantis), foi feita com o professor escocês Charles Watson, que leciona na escola de Artes Visuais de Parque Lage, no Rio de Janeiro, desde 1982. Na entrevista, Charles defende a ideia de que o talento (ou o dom divino para se fazer algo) não existe e que os grandes artistas, assim como os grandes estudiosos e atletas, surgem devido ao contato intenso que têm com a sua área de atuação. Segundo Charles, até podem existir pessoas com alguma habilidade inata para fazer alguma coisa, porém pouquíssimas dessas pessoas crescem para fazer uma vida criativa. Na opinião do artista e educador,  todo mundo tem ideias, porém poucas pessoas decidam concretizá-las. O que diferencia alguém que faz a diferença é o prazer que essa pessoa sente em fazer aquilo a que ela se propõe e a tolerância que essa pessoa tem a uma grande quantidade de trabalho, ou seja, as pessoas criativas são sujeitos que estão passionalmente envolvidos com aquilo que fazem e cuja meta não é necessariamente o produto final de seu trabalho, mas sim estar fazendo aquilo que lhes traz significado.

            Entre tudo o que eu li na entrevista, o que mais me chamou a atenção e que me despertou para urgência de começar a escrever os romances que tenho em mente foi a parte na qual Charles Watson diz que as ideias especiais que temos não são exclusivamente nossas. Segundo ele, "quando você tem uma ideia que acha muito especial, pode contar com o fato de que outras 250 mil pessoas tiveram essa ideia. A diferença está em quem decide concretizá-la e isso envolve intenso trabalho. Quando você lê o trechinho de um romance que te toca muito, em nove de 10 vezes isso ocorre porque também é uma coisa que você pensou ou sentiu. A diferença é que o mestre menciona isso, enquanto você deixou passar. O papel do escritor, do artista ou de qualquer pessoa envolvida em atividades criativas, é colocar um farol nas coisas que ficaram cinzentas na vida."

            Ao fazer essa afirmação, Charles Watson despertou um temor que eu tenho desde pequeno, quando eu era apenas uma criança imaginativa que elaborava desenhos animados mentalmente: de que alguém tivesse alguma das minhas ideias e a colocasse em prática antes de mim. Coincidentemente, uma semana antes eu quase enfartei assistindo a uma cena da novela Geração Brasil que mostrava um personagem secundário cuja trama lembrava um pouco a do protagonista de um dos três livros que eu pretendo escrever.

SURPRESA!!!!!!
            O livro que pretendo começar a escrever em breve, cujo título provisório é O quarto irmão, conta a história de um garoto do interior do Rio Grande do Sul chamado Tomás que, após conflitos com a família, decide ir embora para Porto Alegre e, anos mais tarde, encontra um sobrinho que não conhecia (não citarei muitos detalhes da obra pra não estragar a surpresa caso o livro seja publicado algum dia). Eu perdi o hábito de ver novelas há um bom tempo (cá entre nós, depois que você assiste a umas duas novelas de cada autor, pode-se dizer que você já viu todas, pois eles costumam se repetir bastante), mas fiquei curioso para dar uma olhada em Geração Brasil por causa de um ator chamado Rodrigo Pandolfo (caso um dia façam uma adaptação para o cinema do livro que eu ainda nem comecei a escrever, é ele que eu imagino ser o ator mais apropriado para interpretar o Tomás). Quando eu comecei a ver as duas primeiras cenas do personagem do Rodrigo Pandolfo nas quais ele tinha um pouco mais de destaque, meu Deus, ... tio que descobre sobrinho (supostamente) muito parecido com ele... Tomás... tio que não se dá bem com o irmão... sobrinho acaba adorando o tio... tio que viajou de um lugar distante para se afastar do irmão... Putz, pensei imediatamente que o personagem da novela era igual ao Tomás de O quarto irmão e que teria que desistir da ideia do livro porque ele poderia ser considerado um plágio da trama do personagem secundário da novela das sete. Após o susto, decidi procurar informações no site da novela para ver até onde iam as semelhanças entre as tramas e se o livro que eu vinha elaborando há anos seria desperdiçado por causa de um personagem secundário da novela das sete.

            Depois de analisar calmamente as informações encontradas sobre o personagem, eu finalmente pude respirar aliviado. O personagem da novela, chamado Shin-Soo (na novela, Tomás era o nome do sobrinho), apresentava muitas características que o distinguiam bastante do Tomás de O quarto irmão. Pra começar, Shin-Soo é um jornalista famoso, enquanto que Tomás começa a trama sendo um adolescente que trabalha como balconista em uma farmácia e termina como professor de literatura. Na novela, o Shin-Soo conhece o sobrinho quando ele é criança, enquanto que em O quarto irmão, Tomás conhece seu sobrinho quando ele já é adolescente (ou seja, a relação que se dá entre eles é mais madura e sustentada por afinidades e interesses em comum). Além disso, em O quarto irmão, tio e sobrinho se dão conta de que são parentes antes do resto da família de Tomás, ao passo em que, na novela, quem percebe o parentesco é a mãe da criança e o próprio tio. Isso sem falar que todo o tom caricato, fantasioso e afetado do personagem da novela (o personagem deixa no ar a dúvida se ele é gay ou apenas um cara excêntrico) contrasta totalmente com o clima melancólico, realista e profundo que pretendo dar ao meus personagens.

            Esse susto e a entrevista do Charles Watson me deram um recado muito claro: comece a colocar em prática logo as suas ideias antes que outras pessoas tenham ideias iguais as suas (ou ideias muito parecidas, porém pioradas) e as coloquem em prática antes! E é justamente aí que entra a criação do blog A Urgência do Agora. Eu decidi criar esse blog para ser uma espécie de repositório onde postarei crônicas, contos, resenhas, trechos de possíveis livros e outros tipos de textos. Enfim, esse blog foi criado para ser uma espécie de estímulo extra para o meu sonho de ser escritor. O nome do blog é uma referência à música "Tonight, tonight", da banda estadunidense The Smashing Pumpkins (na minha história, essa seria a banda favorita do sobrinho de Tomás), que fala sobre amadurecimento, transformação e a importância de acreditarmos em nós mesmos, em nossos sonhos e na urgência resoluta do agora.

 

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Você concorda com as opiniões de Charles Watson sobre talento e criatividade? Você já teve alguma ideia que considerava ótima e acabou vendo outra pessoa colocá-la em prática antes de você? Há algum tipo de atividade ou objetivo que você sempre teve muita vontade de fazer e acha que poderia fazer muito bem, mas que vive deixando para depois e nunca começa? Compartilhe suas ideias e opiniões nos comentários!  


Abraços!